domingo, 21 de outubro de 2012


A FÉ NO RIO

2° DIA - SEGUNDA


(04.04.2011)

Acredito que se você quer ver o tamanho do amor de um povo, basta sentir a fé que anima as vossas casas. A fé que me refiro inclui muito mais do que algum seguimento religioso – diziam que nas primeiras reflexões religiosas reconhecidas no mundo e sobre o próprio mundo, cada cultura criava deuses à sua semelhança. Era o homem querendo ser Deus, e hoje eu só vejo Deus querendo ser um pouco de cada homem.

Deixei a segunda-feira inteiramente para me dedicar a saída por todo o coração financeiro do glorioso Rio de Janeiro, que carrega em sua imagem a mais forte e mais poderosa das imagens - Cristo com os braços abertos - como se ali acolhesse os mais diversos perdões e abençoasse os mais diversos corações.

Iniciei andando do bairro Glória, na mais gloriosa admiração. Olhava para as pessoas como se fosse a ultima vez que as visse e que assim fosse. Às vezes eu tinha um brilho no olhar que me deixava escapar alguma lágrima de alegria, e de tristeza em ver a humanidade nos mesmos passos de qualquer lugar. Entrei em todas as igrejas que me tomavam a frente, admirei cada projeto arquitetônico planejado em cada asa de anjo, em cada vela queimada, em cada cheiro de flor e muito mais que todo o amor que eu carregava na alma, me sobrava à dor de ver nas portas das igrejas; homens, mulheres e crianças sem seus direitos sociais.  

Somos filhos de um povo estranho e nos tornamos assim quando mergulhamos em nossas próprias convicções. Fui pra “Saúde”, mas a pé me deixei calejar até a Lapa. Vi uma mistura de edifícios famosos, monumentos, palácios e mais palácios com a cabeça no príncipe que se encontrava no alto e bem longe dali.

Encontrei todas as Igrejas que busquei. Rezei orações diferentes e inventadas momentaneamente em cada uma delas. Olhei São Bento, Santo Antônio, São Francisco, São José e me lavei de Santas, desde a Nossa Senhora do Rosário até a do Monte Carlos, indo de Luzia me perdi na Nossa Senhora Sem Hora. Vi santos de todos os jeitos, de todas as cores e com todos os tipos de milagres realizados. Depois que acabou o dia havia esquecido todos os meus pedidos, então prossegui com todos os meus desejos.

Qualquer ato religioso na infância de uma criança é de grande importância e valor. Foi pensando assim que cresci vendo homens rezando ao pé do Padre Cícero às 18h, Senhoras fazendo novena todo início de mês, meu pai me levando às missas de domingo, e minha mãe agarrada ao seu livro de orações com um retrato secreto do seu grande amor.

A vida nos intimida em seus atos, e grandes valores que os homens entendem que deverão dar em suas vidas santas, são em matérias e alusões do que não tem vida e que de alguma forma os melhora. Talvez isso seja um pouco de mim, mas é muito mais do mundo. Vejo homens falar com santos e esnobarem com quem convivem, vejo mulheres doarem o pão e a mesma língua que recebe o corpo de cristo, fala mal do irmão. Isso tudo já está tão batido que ONG´ s e Associações viraram moda pra lavarem a alma de alguns cristãos, ou não.

O que convém é o que não existe. Precisamos ter fé para sobreviver e isso é um fato absolutamente real para sabermos lhe dar com nós mesmos, porque essa é a grande verdade em que acredito – tentamos nos conhecer pelo desconhecido, tentamos nos envolver em algo fácil de fugir. Nada é para sempre, se não for cuidado e nem zelado. Vejo pessoas mudarem de religião por não se acharem – se me pedissem eu as daria um espelho de presente, mas, mais que isso, eu daria a minha mão, o meu abraço e todo o meu aconchego - Precisamos de calor humano, seja aos pés de cristo, ou aos olhos dos anjos. A fé que anima as vossas casas, são as mesmas que aquecem os nossos corações. Ser bom não é uma obra divina, e sim, um bem humano.

Passei no “Largo da Carioca” pra ver um monte de Cearenses, e os levei até a Catedral de São Sebastião com toda a minha admiração por toda obra divina sentida. Depois olhei ao longe e vi a “Vale”, a “Embratel” e me encantei com o espelhado da “Petrobrás”, que foram obras na qual trouxeram trabalho e sustento pra milhões de brasileiros, não muito diferente das religiões que mostram o trabalho de homens se dedicarem a missão do desconhecido “eu”.

Não entendo muitos das religiões, mas já me deixei tirar a curiosidade do que acontece em alguma delas. Acredito que quando eu tiver meus 70 anos eu possa ter uma fé que faça dedicar-me em uma delas – Enquanto sou nova e viril transformo a minha fé em energia para os meus dias, busco um pouco de todas e analiso gestos e humanidade em cada uma delas, onde, de tudo se tira um pouco. Os melhores escritores do mundo sabendo disso leem a Bíblia e trazem pra uma única versão a linguagem universal.

“O Rio de Janeiro continua lindo” e Deus ficará para sempre de braços abertos – E este é um grande ensinamento aos homens de boa vontade. Aos que tentam se encontrar em alguma religião para conquistas da vida, torço para que a vida os traga, as conquistas para a alma ligeiramente humana.



(Jane Eyre Queiroz)

sábado, 13 de outubro de 2012


NO ARPOADOR COM VINICIUS, TOM E O DESCOBRIDOR

3° DIA - TERÇA


(05.04.2011)

Vinicius era um bom amigo, suas canções sempre foram divididas com seus parceiros da boemia, e esses amigos foram os melhores para se criar a fidelidade do companheirismo. Sempre tive na mente que se Vinicius não fosse da área de humanas e não tivesse interagido no jornalismo como profissão, ele não seria tão inventivo, tão poeta, tão humano e tão conquistador. Ele não levou pra cama apenas as suas nove mulheres, mas geração e gerações de brasileiros. Até eu mesma já fui para cama com o “soneto de fidelidade” ouvido de um disco de vinil, e até sorri quando soube que nasci em abril e o querido “poetinha” havia dito – Ariana, a mulher – “Se Ariana era a morte, por que não havia de ser Ariana a vida?”... E foi esse positivismo que me conquistou...




Mas tudo tem um “Toquinho” de “Tom”, uma pitada de “Jobim” e a essência do “sim”. Ai do Tom (do som) se não fosse aquele professor Alemão e toda a sua melancolia sofrida por algum trauma familiar. E isso equivale ao futuro do desempenho e desenvolvimento de todos que estão na terra, absolutamente, todos temos que ter alguma  histórias triste para contar com um brilho no olhar.

O Descobridor não sabia de nada, nem mesmo havia pisado no Arpoador. A verdade é que ele nunca viveu o lugar que nasceu. Mas, com olhos de turista, eu corri até a pedra pra ver se pegava uma baleia, ou quem sabe salvava um pinguim – Tudo para ouvir o chamado do meu amorzinho, que nem ao menos um beijinho se deu ao trabalho de me dar. Então, parei e ouvi as ondas quebra-pedra cantando “Garota de Ipanema”, se bem que Vinícius e Tom poderiam ter conhecido uma Cearense para “compositar”, mas, será que não era uma Cearense para quem eles cantaram “Ela é Carioca”? Com tantas afirmações, eles sussurraram: “Eu vejo na cor dos seus olhos as noites do Rio ao luar. Vejo a mesma luz. Vejo o mesmo céu. Vejo o mesmo mar”. Eu tenho lá minhas dúvidas se essa Carioca não era uma Cearense, porque o Descobridor estava comigo na descoberta do Arpoador e parecia que ele me dizia em seu sorriso, que tudo se refletia em mim como um paraíso...

Depois acabei me transformando na “Januária” por não me dá conta da minha graça tão singela de mulher.


“Há muita gente que diz coisas belas
 Mas essa gente que diz "vai por ela"
 Eu que também fui por ela, sei disso
 Eu é que amei, eu é que sei
 Todo despeito que há nisso
 Porque pra mim ela foi, cento por cento
 Nunca deixou de me amar, um só momento
 Pode falar quem quiser 
 Mas no meu fraco entender
 Ninguém, ninguém foi tão mulher”



                                                                                                     
                                                                                                      (Jane Eyre Queiroz)

domingo, 7 de outubro de 2012


OS SEGREDOS DA LAGOA RODRIGO DE FREITAS

4° DIA – QUARTA

(06.04.2011)




E a água tem cheiro de mar. Achei que fosse encontrar a chita por lá já que ouvi falar do tal Rio dos Macacos, mas compreendi que a Lagoa é o espelho carioca abraçado pelo mar e tido contato com o Oceano Atlântico - mostrando o seu povo pluralizado em uma mistura de fato, incomparável.

A lagoa deveria ser mágica e, eu acreditava nisso quando sentei na metade do meu cansaço para ouvir as estórias de personagens que lutavam e se entristeciam e, me senti um dos índios Tamoios, então, pude absorver tudo que ouvi com a sensibilidade que caberia naquela tarde vazia.

Não, não podia me abater, pois estava em todo o movimento do consagrado coração do Rio de Janeiro... Sozinha e acreditando que em cada passo se faz um novo traço, então contornei o meu compasso em um olhar panorâmico... Contei 25 quiosques e em um deles escolhi para comer o famoso biscoito Globo, com o Chá Mate que parecia substituir toda a água de coco do meu Ceará, um ligeiro sabor de nada com alguma coisa que me fazia imaginar um som encantado que descia a serra para encostar a cabeça nos meus seios com a curiosidade de saber qual a batucada que tocava no meu coração...

Em um lugar desses só poderia me dar sorte – 7 era o número. 7km de caminhada no qual o telefone tocou naquela tarde vazia e fui chamada para um show.

“... na rua os carros, no céu o sol e a chuva. O telefone tocou e na mente a fantasia...”

A batucada do meu coração virou um lindo samba e eu nem precisava de 10 motivos para estar ali. Deslumbrante visão da cidade, embora não tenha conseguido entrar no Cinépolis, eu construía uma história de cinema no solo do entardecer que me fez procurar um píer pra admirar toda a beleza de uma natureza que estava a/e ao meu favor.

Hoje eu entendo porque esse local é um dos que possuem o maior índice de desenvolvimento humano do país. Olhar ao seu redor é classificar a força, a disposição, a coragem, o sabor e a beleza refletida no espelho de suas águas - no seu amanhecer e no seu entardecer, acredita-se que em cada passo da vida existem milagres acontecendo por segundos.

(Jane Eyre Queiroz)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012



O EMPREENDEDOR E O LOUCO DO PARQUE LAGE


5° DIA - QUINTA
(07.04.2011)

Alguma coisa acontece no meu coração. Será um infarto do miocárdio?"

Inicio a escrita com dois nomes que considero de fundamental importância durante a minha história no Parque Lage: Rodrigo de Freitas Mello e Castro e Rodrigo de Souza Leão (ou RSL).



Rodrigo de Freitas Mello e Castro foi um dos “sangues” reais que poderia fazer uso de posse com suas riquezas e um belo administrador que poderia adquirir bens e valores de uma grande sociedade, um verdadeiro empreendedor.


Rodrigo de Sousa Leão (ou RSL) foi um Jornalista, Poeta e Escritor admirado por tantos outros Poetas Contemporâneos. Um autêntico produtor de idéias e tentações. Sua tendência era enlouquecer o mundo com sua criatividade, mas quem ficou louco foi ele e, tão novo...  


A Coincidência, O Destino e A Centralização de Energias são grandes pontos de questionamento para os romances, ou melhor, como é dito nessa nossa “Nova Era” para os “Casos” de prováveis amores. O Parque Lage foi o local no qual pude visitar no Rio de Janeiro e que me deixou um leque de questionamentos, ao mesmo tempo em que me adaptava as inspirações dos desejos e concentração na qual eu estava dedicada.

Se nós queremos viver um “Grande Amor”, tome nota: Concentre-se, mas não como um amor platônico, e sim, um amor vivido, tocado e sentido (...). E na Escola de Artes Visuais do Parque Lage eu pude assistir apenas a uma aula de História da Arte, e o que o distinto Professor repassava aos alunos, pouco me interessava já que não estava lá para isso. A minha função principal era ocupar o meu tempo ao máximo para que logo eu pudesse encontrar na Serra, ou no Mar, o amor que não fizesse o meu coração parar. A Vitalidade é na realidade o valor do verdadeiro Empreendedorismo pelo qual devemos viver com paixão tudo aquilo que acreditamos e, nos dedicamos ao crescimento próprio, referindo-me a espiritualidade e a sexualidade, visto, no que talvez ninguém acredite, ou no que poucos teriam coragem de fazer, ou melhor, viver.

Viver um "Grande Amor" é ter tempo planejado, desejos compartilhados, sonhos não realizados e futuro descoordenado, calma, não leve isso muito a sério, eu só terei a certeza da minha escrita depois de contar essas histórias aos meus netos. De nada nunca sabemos e, do pouco muito vivemos. As minhas observações se iniciam desde o rosto de cada pessoa que frequentava o Parque Lage, aos inúmeros locais e corredores que sentimos a liberdade e a vibração - “sabe, alguma coisa acontece no meu coração...” - Além dos casais que pouco sabem da energia que o lugar os trás.

Quando eu estiver com o meu amor no Rio, vou querer trilhar o caminho que nos guiará ao Corcovado. Ali, eu não tive coragem de tanto caminhar sozinha porque todas as histórias se encontram e todos os destinos se eternizam. Se não forem aos olhos de Deus, aos olhos alheios.

Rodrigo de Freitas Mello e Castro foi o grande energizador do Parque Lage, ele que iniciou a ideia de levar um Paisagista e toda sua concentração em tornar do lugar (com muito “Amor”) as mudanças de um local em meio a natureza - no tão esperado projeto a uma adequação romancista - A prova de toda essa energia colocada nesse lugar mágico se faz quando depois de 80 anos, Henrique Lage, consegue reaver a propriedade da família. Henrique que foi Bisneto do Homem que deu origem ao nome do Parque Lage, foi  o Homem que na realidade apareceu na história com o registro do Primeiro “Grande Amor” construído no Parque. Henrique iniciou a remodelação do local que havia comprado e que foi origem dos sonhos de um Bisavô para toda a familia, além disso, a sua remodelação foi para agradar a sua esposa em cada metragem elaborado do local. O nome da esposa era Gabriela, uma talvez inspiração de Jorge Amado, que não tinha o corpo tão perfeito, mas uma voz magnífica, ou quem sabe talvez ela fosse uma Sereia surgida nas águas de Copacabana, bem, não vou confundir a “Garota de Ipanema” com a Italiana Lírica, esposa de Henrique Lage, mas que fique claro da inspiração feminina aos Grandes Homens, nos Grandes Amores.

Na condução que me levava à Rua do Jardim Botânico eu conversava com uma Senhora, que até hoje me falha o nome porque acho que nem a perguntei, mas a expliquei o motivo que me levara ao Rio de Janeiro quando ela me fez a curiosa pergunta: O que me levou até ali? Depois de explicado ela me disse: “Pequena, todo Rodrigo de Empreendedor e Louco tem um pouco, cuidado pra não cair do Corcovado”. E foi exatamente o que pude perceber em cada quilometro do “Grande” Parque, mas, uma coisa é certa, acredito fielmente que “Ninguém se conhece tanto a ponto de abrir a porta para um estranho sem saber que este estranho é ele mesmo” - Tínhamos muito em comum, pois nos mostramos confusos, em momentos difíceis – E é assim que todo grande amor se inicia... E se não inicia, se termina com a curiosidade de um futuro que nunca mais será o mesmo... Segundo a lenda de um Restaurante Secreto, que de secreto hoje não tem nada, o Benoit, poucos sabem e poucos que frequentam dizem  que: Todo amor que não é vivido, nunca entenderá porque a melhor e mais cara mesa desse lugar que existe à séculos, fica no meio do restaurante. Eu talvez nunca vá à Paris para descobrir, mas não é tão difícil chegar caminhando ao Corcovado, ou interpretar esta mesa do Bernoit bem centralizada - Acredito que se não vivemos um grande amor, nunca encontraremos o nosso próprio centro de equilíbrio.

Depois do primeiro Rodrigo, me veio o segundo Rodrigo, e foi olhando um daqueles alunos um pouco normais e outros tantos anormais que minha memória ressurgiu na lembrança do tal Rodrigo de Souza Leão, com suas anormalidades e desenhos inventados, como “A insustentável leveza do elefante”, uma recordação que me fez rir em plena aula e que imediatamente também me fez sair da sala. Acho que todos me olharam como se eu fosse o próprio RSL.


A questão é: A senhora da condução tinha razão, achei o Rodrigo Empreendedor e o Louco que ela jugou existir dentro do Parque Lage. E quanto ao início do “Grande Amor” que até eu juguei existir, não foi por nenhum Rodrigo, já que vimos o registro de um Amor no local iniciado por um homem chamado Henrique. Então, a moral da história é que nunca sabemos quem de fato será o nosso “Grande Amor”... Afinal, esquecemos que além da Serra e do Mar, existe o Oceano Atlântico e tantos mais Castelos, Príncipes e Poetas dessa “Nova Era”.

(Jane Eyre Queiroz)